De crise em crise até à derrota final

O secretário-geral do Comité Olímpico Angolano, António Monteiro Bambino, considerou que a participação dos atletas angolanos nos Jogos Olímpicos esteve um pouco aquém da expectativa devido a razões financeiras.

Em declarações a Agência Lusa, considerou que 99% da culpa pelo desempenho não satisfatório (ou seja… um pouco aquém da expectativa) dos atletas angolanos deve-se ao tardio apoio financeiro prestado pelo Governo angolano (que desde 1975 é do MPLA), que disponibilizou as verbas apenas no final do mês de Junho.

Em relação às prestações, referiu que a selecção feminina de andebol aspirava pelo menos o oitavo lugar conseguido em 2016 no Rio de Janeiro.

Melhor esteve a natação, já que os nadadores Catarina Sousa e Salvador Gordo conseguiram marcas próximas dos recordes de Angola, mas o mesmo já não se aplicou ao atletismo e ao judo, pois considera que foram as modalidades cujas expectativas ficaram muito aquém.

Lamentou ainda o facto de o velocista Bee Miguel Aveni não ter competido devido à eliminação, por falsa partida.

Já depois de considerar que a judoca Diassonema Neidy teve uma fraca preparação ao mais alto nível, apontando a falha ao Comité Olímpico Angolano, António Monteiro lamentou o mau desempenho da selecção de vela, causado pelo envio tardio da embarcação angolana para Tóquio, levando Angola a competir com outra embarcação sem qualidade.

O secretário-geral do Comité Olímpico Angolano entende que se deve procurar, com urgência, por outras alternativas financeiras, de modo a fazer face às despesas correntes.

O responsável olímpico defendeu ainda uma alteração no actual paradigma no desporto angolano, para aspirar a um metal olímpico, que nunca conquistou, nas 10 presenças olímpicas.

Angola apresentou 20 atletas em cinco modalidades nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, e todos (como habitualmente) davam como certo que a esperança de chegar às medalhas era uma mera miragem (como tantas outras).

O responsável olímpico reconheceu, antes da competição, a falta de qualidade para esses objectivos, sobretudo pela falta de implementação dos programas de desenvolvimento do desporto, apesar da boa planificação que garantiu existir.

Além das 14 jogadoras da selecção de andebol, Angola esteve representada pelos nadadores Salvador Gordo (100 mariposa) e Catarina Sousa (100 livres), pelos velejadores Paixão Afonso e Matias Montinho (470), pela judoca Diassonema Neidy (-57 kg) e pelo velocista Bee Miguel Aveni (100 metros).

António Monteiro defendeu uma alteração no actual paradigma no desporto angolano, para aspirar a um “metal” olímpico, que nunca conquistou, nas nove anteriores presenças, em Moscovo 1980, Seul 1988, Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016.

Rio… 2016

Notícia do Folha 8 de 7 de Julho de 2016: «Mais de 20 atletas angolanos procuram em Agosto, nos Jogos Olímpicos Rio 2016, novas marcas nacionais em seis modalidades, numa participação condicionada pela crise em Angola e reduzida face às competições anteriores.

O presidente do Comité Olímpico Angolano, Gustavo da Conceição, admitiu que as dificuldades financeiras, económicas e cambiais que afectam o país, devido à quebra nas receitas da exportação de crude, influenciaram a preparação destes Jogos.

“Neste período de dificuldades financeiras e de acesso às divisas, enfrentamos um conjunto de problemas de ordem organizativa e desportiva que só o espírito patriota, a determinação, a criatividade e união de esforços entre diferentes atores têm criado condições para ultrapassar”, explicou, reconhecendo o papel do Governo, dos dirigentes, federações, patrocinadores e mesmo familiares dos atletas qualificados.

A missão olímpica, com os atletas já qualificados, é a segunda mais pequena de sempre na história angolana (36 anos), apenas superada pelos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980, com 11 atletas, e longe do máximo de 34 de Londres, em 2012.

A comitiva para o Rio de Janeiro conta com atletas apurados nas modalidades de andebol (14 e um suplente), vela (três), remo (dois), natação (um), judo (um) e tiro (um).

Admitindo “consciência” com as “dificuldades” que ainda esperam os atletas angolanos, Gustavo da Conceição, antigo basquetebolista, aponta objectivos mais modestos para as competições do Rio de Janeiro.

“Nestas circunstâncias, o nosso objectivo é a procura do recorde, a superação das metas, marcas e tempos e a ultrapassagem daquilo que se fez no passado em competições homólogas”, explicou o presidente do comité olímpico angolano.

Apesar das “vicissitudes por que têm passado nesta fase de preparação”, Gustavo da Conceição afirma que os atletas angolanos “estão muito motivados e disponíveis”.

“Acreditamos que aqueles que no passado conseguiram, por mérito, a qualificação para os Jogos, tudo farão para a obtenção de bons resultados”, concluiu, sem distinguir os atletas com potencial para melhorar os desempenhos nos Jogos Olímpicos de 2016.

Ainda assim, da natação, individual, bem como do andebol, colectivo, esperam-se os melhores resultados da participação angolana.»

Folha 8 com Lusa

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